TB- Você acredita que investir em teatro, é investir em cultura e consequentemente criar alicerces para um futuro melhor?
DA- Olha, não tenha dúvida. E eu sou muito otimista com o que está acontecendo hoje no Brasil. Este governo do presidente Lula está fazendo uma coisa que só vamos perceber a importância disso daqui há alguns anos. Hoje em Mossoró são sete pontos de cultura, e nós somos um desses pontos. Cada ponto recebe cento e oitenta mil reais para investimentos em equipamentos e ações em comunidades. Você recebe os recursos e sua contrapartida é fazer ações para sua comunidade. Hoje, qualquer pessoa pode entrar no site da Funarte, do BNB, do Ministério da Cultura e ver a quantidade de editais que temos para concorrer. É possível. É democrático. Não é por cara, é pelo seu trabalho.
TB- Recentemente vocês estiveram no Rio de Janeiro. Como foi essa experiência?
DA- Cada vez mais estamos ganhando espaço no Rio de Janeiro. Fizemos quatro apresentações em dois teatros do SESC, fomos visitar sede de grandes grupos de teatro do país, como o Armazém e o Nós do Morro. No caso do Nós do Morro tivemos um contato ainda maior porque fizemos um intercâmbio no Morro do Vidigal, uma comunidade que também tem os mesmos problemas das outras comunidades do Rio de Janeiro, mas que tem um diferencial, que é um trabalho teatral e social de alto nível. Conhecemos de perto, apresentamos dois espetáculos na comunidade, fizemos trocas em oficinas, cada grupo ministrou uma para o outro, e principalmente encontramos gente, no Nós do Morro, que hoje é referência internacional em teatro e em trabalho social, também. Conhecer de perto o mestre Gutti Fraga, mentor de uma idéia, há mais de vinte anos, e que esta idéia hoje é referência para o mundo, nos enche de vontade de fazer mais. E esse conhecimento todo que adquirimos lá, iremos usar em nossas ações em nossa comunidade. E o principal, que não vamos para o Rio de Janeiro na condição de aprendiz, apenas. Mas também vamos mostrar o nosso modelo, as coisas que temos feito.
TB- Atualmente a Companhia trabalha em cima do espetáculo Tem gato na Cachorrada, ou simplesmente, O Pulo do gato. No que consiste esse trabalho?
DA- É um espetáculo que as pessoas precisam abrir o coração para assistir. Se o camarada for para este espetáculo querendo ver uma espécie de ‘A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró’ se ferrou. Não temos a menor pretensão de repetir fórmulas de sucesso. O ator, o artista tem que correr risco, e é isso que fazemos a cada trabalho. N´O Pulo do Gato temos uma grande metáfora. São quatro atores vivendo situações de conflito, de poder, da vida, em corpos de cachorros e gato. Não tem nenhuma fala. Os atores não tem qualquer elemento cênico para servir de apoio. Não queremos mostrar o que acontece na vida de um gato e de três cachorros, mas o que acontece todo dia nas vidas das pessoas. Este espetáculo em breve vai colocar o grupo num plano internacional. Já tivemos convites para mostrar o nosso trabalho em outros países.
TB- O Pessoal do Tarará está sempre criando, inovando, não tem medo de ousar. O que você estão preparando para o próximo ano?
DA- Para 2010 o mossoroense que quiser nos ver vai ter que acompanhar o nosso trabalho na Baixinha, que é a nossa comunidade, ou chegar em uma das dez escolas que o grupo irá passar. Já estamos com 2010 fechado. Não temos nenhum espaço na nossa agenda, ainda bem, porque é sinal de muito trabalho. Além do Ponto de Cultura, do Ministério da Cultura com a Fundação José Augusto; fomos aprovados com dois projetos no Programa BNB de Cultura 2010, que é a BR 405, com ações em cinco cidades do Estado, e Carnaubais na Rota das Artes, que é um grande projeto social de três meses nesta cidade do Vale do Assu; A Funarte aprovou nossa Rodovia Nordeste de Teatro, e também fomos aprovados no Microprojetos Mais Cultura, onde iremos fazer nosso recital de Shakespeare com Eliseu Ventania, em dez escolas estaduais em Mossoró. Fora isso teremos uma temporada de dois meses no Rio de Janeiro.
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