segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Em Cena: Kathárina Gurgel

O nosso blog segue trazendo entrevistas com pessoas que movimentam a cultura mossoroense. Nessa semana, presenteamos você com um bate-papo com a cantora e produtora cultural Kathárina Gurgel. Nesse espaço ela fala um pouco sobre sua trajetória artística e nos conta as novidades para 2010.

THIAGO BRAGA- Quando você notou que tinha talento para a música?

KATHÁRINA GURGEL- Pois bem, para falar a verdade, não foi bem eu que notei, foram os outros que primeiro notaram. Na época de colégio, ficava cantarolando com os amigos nos intervalos, e eles ficavam comentando o quanto eu cantava afinada e bem. Além do que, nas festinhas em casa, aniversários, essas coisas, sempre alguém pedia para cantar alguma coisa e isso foi, cada vez mais, ficando freqüente. Agora, uma coisa que sempre soube é que era diferente das demais crianças da minha idade em relação ao gosto musical, sempre gostei de música com letras, melodias e, principalmente, boas interpretações

TB- Como foram as suas primeiras apresentações?

KG- Minha primeira apresentação musical oficial foi aos 18 anos, quando participei do VIP SHOW, um projeto da Fundação José Augusto que reunia algumas pessoas da sociedade, de várias idades e gostos musicais, cada uma apresentando duas canções. Isso foi no Teatro Alberto Maranhão, e para mim significou um marco na minha vida, onde eu pude ir para o outro lado, subir num palco e cantar para 500 pessoas.

TB- Você recebeu apóio de alguém em especial?

KG- Sempre e especialmente o apóio do meu avô Deífilo Gurgel foi fundamental na minha história musical e na minha vida. Ele me ensinou e me ensina que é na simplicidade que a beleza se encontra, basta cantar com a alma que o resultado é sempre muito bonito.

TB- Nessa trajetória de muitas batalhas, qual foi a maior dificuldade que você teve que superar?

KG- Olha só, acho que a minha maior dificuldade é a mesma de vários outros cantores e músicos, que é a constante desvalorização do artista como profissional, como qualquer um outro. Houve um tempo na minha vida (pouquíssimo tempo) que cantei em bares de Natal e essa experiência para mim foi terrível, me senti usada e explorada, por mais que tenha aprendido muito com isso tudo. Acho que o artista tem que se impor e mostrar exatamente quanto vale o seu trabalho, para merecer o respeito e o aplauso de todos. Temos que ter o constante cuidado para não nos “prostituírmos” e sujarmos a nossa classe, entende?


TB- Durante cerca de 1 ano você apresentou ao lado de Toinha Lopes, o programa Vitrola na Tv Cabo Mossoró. Como foi essa experiência?

KG- Maravilhosa! Nunca estudei e li tanto sobre música e cultura na minha vida. Era uma troca constante, entende? As pessoas me paravam na rua sugerindo nomes para ir ao programa e temas para serem abordados. Muito bacana!!!

TB- Também em parceria com Toinha, você coordenou o Seis e Meia em Mossoró. Quais os frutos que esse projeto trouxe para os mossoroenses?

KG- O Projeto Seis e Meia é um dos Projetos brasileiro mais interessante que conheço. Você unir o artista com renome nacional com o artista local é perfeito! Considero um fruto significativo a condição de exigir mais zelo e cuidado na produção do seu show, que cada artista local teve que ter. Não é de qualquer jeito, nem qualquer artista que convidamos para fazer a janela, tem que ter uma proposta e um show montado mesmo, e isso é legal, essa preocupação em não apenas cantar como se estivesse em qualquer lugar.

TB- Recentemente você foi uma das vencedoras do Segundo Festival da Canção e da Cultura Potiguar. O que a motivou a participar do evento?

KG- Em primeiro lugar nunca tinha participado de nenhum Festival e em segundo lugar a canção é absolutamente linda! Fiquei tão feliz em saber que estava entre as 12 finalistas que cantei com tanto prazer em Natal que o resultado foi muito feliz: 3° lugar na categoria geral. Para mim ganhei o 1°. (risos).

TB- Os incentivos para a música em nossa cidade ainda são pequenos, porém já existem alguns projetos. Na sua concepção,o que ainda é preciso para fomentar o desenvolvimento dessa área não só em Mossoró como também em todo o RN?

KG- Vamos lá: Falta uma organização dos artistas, para o fortalecimento das ações e projeções da categoria. Isso é um fato. Ninguém se organiza, ninguém se preocupa em estudar de verdade, nem com a produção, a cara do seu trabalho. Se a classe fosse mais unida, quando eu falo a classe, eu falo todos ligado a música de um modo geral, produtores, instrumentistas, interpretes, pessoal de som e luz, todos, conseguiríamos ter mais forças para “peitar” a classe política, educacional, instituições, empresas, organizadores de eventos, enfim, pessoas ligadas a patrocínios, apoios e incentivos à área musical. Outro ponto crucial é a ausência de projetos bacanas nessa área, por parte dos artistas. Gente, quando se faz um projeto com conteúdo, idéias novas, com embasamento, se consegue espaço, sim. Claro que não é nenhum conto de fadas, mas se fizer um trabalho com qualidade e conteúdo, se consegue um espaço diferenciado, sim.

TB- E para encerrar a nossa entrevista eu quero saber quais são os planos artísticos da Kathária Gurgel para próximo ano.

KG- No próximo ano surge o BRASILEIRAS – TODOS OS FESTIVAIS, o novo projeto do Grupo Brasileiras, que é o meu filho caçula. Será uma grande produção e um espetáculo musical que, com certeza, emocionará muita gente. O Projeto Seis e Meia também, deverá retornar em Março e se as coisas correrem do jeito que estão, talvez monte um show só meu, cantando apenas Bossa Nova. É isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário